Na poesia, as rimas se caracterizam pela repetição de sons no final de dois ou mais versos, conferindo musicalidade ao poema. Podem ser classificadas quanto à fonética, quanto ao valor, quanto à acentuação e quanto à posição no verso e na estrofe.
Classificação quanto à fonética
Rima perfeita ou consoante: Em que há correspondência total de sons, havendo repetição tanto dos sons vocálicos como dos sons consonantais.
Exemplos:
- falado/cantado;
- presente/ausente;
- particularidade/dificuldade.
Rima imperfeita: Em que apenas há correspondência parcial de sons. Pode ser toante ou aliterante.
Rima toante ou assonante: Em que há apenas a repetição dos sons vocálicos.
Rima toante ou assonante: Em que há apenas a repetição dos sons vocálicos.
Exemplos:
- boca/moça;
- pálida/lágrima;
- plátano/cálamo.
Rima aliterante: Em que há apenas a repetição dos sons consonantais.
Exemplos:
- fez/faz;
- lata/luto;
- medo/moda.
Classificação quanto ao valor
Rima pobre: Consideram-se assim em virtude da escolha de palavras pertencentes à mesma classe gramatical, como é o caso da poesia contida na própria imagem do texto, sob a autoria de Vinícius de Moraes, cujos fragmentos assim se apresentam:
Exemplos:
Exemplos:
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
[...]
Inferimos que os vocábulos “pranto/espanto” e “bruma/espuma” pertencem à classe dos substantivos.
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
[...]
Inferimos que os vocábulos “pranto/espanto” e “bruma/espuma” pertencem à classe dos substantivos.
- gato/pato;
- correr/fazer;
- amarelo/singelo.
Rima rica: Caracterizam-se como tal pelo fato de que a escolha das palavras se dá de forma variada, ou seja, os vocábulos que se fazem presentes pertencem a classes gramaticais distintas, como numa das criações de Olavo Bilac, intitulada A um poeta:
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Notamos que, bem ao estilo parnasiano, Bilac demonstra seu hábil manejo em combinar “rua/sua” = substantivo com pronome; “construa/nua” = verbo com adjetivo; “emprego/grego” = substantivo e adjetivo.
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Notamos que, bem ao estilo parnasiano, Bilac demonstra seu hábil manejo em combinar “rua/sua” = substantivo com pronome; “construa/nua” = verbo com adjetivo; “emprego/grego” = substantivo e adjetivo.
Rima rara ou preciosa: As rimas raras são aquelas cujas palavras se constituem de terminações incomuns, não muito convencionais. Exemplo de tal ocorrência se manifesta numa das criações de Raul de Leoni, intitulada “Argila”:
[...]
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
Constatamos a semelhança de sonoridade entre “Elêusis / deuses”.
[...]
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
Constatamos a semelhança de sonoridade entre “Elêusis / deuses”.
Classificação quanto à acentuação
Rima aguda ou masculina: Que ocorre entre palavras oxítonas.
Exemplos:
- céu/chapéu;
- cantor/pintor;
- coração/animação.
Rima grave ou feminina: Que ocorre entre palavras paroxítonas.
Exemplos:
- cedo/medo;
- agora/embora;
- metade/amizade.
Rima esdrúxula: Que ocorre entre palavras proparoxítonas.
Exemplos:
- célula/cédula;
- armário/salário;
- propósito/leucócito.
Classificação quanto à posição no verso
Rima externa: Que ocorre no fim do verso.
Exemplo:
“E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto”
(Vinícius de Moraes)
“E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto”
(Vinícius de Moraes)
Rima interna ou coroada: Que ocorre no interior do verso.
Exemplo:
“A bela bola do Raul
Bola amarela”
(Cecília Meireles)
“A bela bola do Raul
Bola amarela”
(Cecília Meireles)
Classificação quanto à posição na estrofe
Rimas alternadas ou cruzadas: Combinam-se alternadamente, seguindo o esquema ABAB.
Exemplo:
“O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!”
(Cecília Meireles)
“O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!”
(Cecília Meireles)
Rimas emparelhadas ou paralelas: combinam-se de duas em duas, seguindo o esquema AABB.
Exemplo:
“Vagueio campos noturnos
Muros soturnos
Paredes de solidão
Sufocam minha canção.”
(Ferreira Gullar)
“Vagueio campos noturnos
Muros soturnos
Paredes de solidão
Sufocam minha canção.”
(Ferreira Gullar)
Rimas interpoladas ou intercaladas: combinam-se numa ordem oposta, seguindo o esquema ABBA.
Exemplo:
“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
(Vinícius de Moraes)
“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
(Vinícius de Moraes)
Rimas encadeadas: quando as palavras que rimam de situam no fim de um verso e no início ou meio do outro.
Exemplo:
“Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz”
(Francisco de Aquino Correia)
“Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz”
(Francisco de Aquino Correia)
Rimas mistas ou misturadas: quando apresentam outras combinações e posições na estrofe, sem esquemas fixos.
Exemplo:
“Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive”
(Manuel Bandeira)
“Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive”
(Manuel Bandeira)
Versos brancos ou soltos: é um verso que não rima com nenhum outro verso.
Exemplos:
“Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…”
(Cecília Meireles)
“Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…”
(Cecília Meireles)
Fontes: https://www.normaculta.com.br/classificacao-de-rimas/
http://portugues.uol.com.br/literatura/rimas-pobres-ricas-raras.html
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