segunda-feira, 4 de março de 2019

Literatura - 2o ano com exercício


O Arcadismo (Neoclassicismo)
Engajado no processo de luta ideológica e política que levaria a burguesia ao poder em 1789(Revolução Francesa), o arcadismo pode ser visto , sob o ponto de vista ideológico, como uma arte revolucionária. Porém, do ponto de vista estético, é uma arte conservadora, pois ainda se liga à tradição clássica.
O Arcadismo volta-se para um novo público consumidor, formado pela burguesia e pela classe média. Como expressão artística dessas camadas sociais, identifica-se com as idéias da Ilustração e veicula-se sob a forma de valores que se opõem ao tipo de vida levado pelas cortes aristocráticas e à arte que consumiam, o Barroco.
Daí a idealização da vida natural em oposição à vida urbana; a humildade em oposição aos gastos exorbitantes da nobreza; o racionalismo em oposição à fé; a linguagem simples e direta em oposição à linguagem prolixa do barroco. Esses novos valores artísticos e culturais propunham uma sociedade mais justa, racional e livre.

Características da Linguagem Árcade

FUGERE URBEM (fuga da cidade): “a civilização corrompe os costumes do homem, que nasce bom”(Rousseau)
“Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.”
(Cláudio Manuel da Costa)

AUREA MEDIOCRITAS (vida medíocre materialmente, mas rica em realizações espirituais).
“Se não tivermos lãs e peles finas,
podem mui bem cobrir as carnes nossas
as peles dos cordeiros mal curtidas,
e os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos de amor, por minhas mãos cosido.”
(Tomás Antônio Gonzaga)

CARPE DIEM (aproveitar o dia). Curtir o momento, aproveitar a vida enquanto é possível.
“Ah! não, minha Marília, / aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças, / e ao semblante a graça.”
(T.A.G.)

IDÉIAS ILUMINISTAS: liberdade, justiça e igualdade social.
“O ser herói, Marília, não consiste
Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior augusto.”
(Tomás Antônio Gonzaga)

CONVENCIONALISMO AMOROSO: na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta que fala de si e de seus reais sentimentos. Quase sempre é um pastor que confessa o seu amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida junto à natureza. Não há variações emocionais, graças ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos, levando o poeta a racionalizá-los, mantendo-se o distanciamento amoroso entre os amantes, o que já se observava na poesia clássica. A mulher é vista como um ser superior, inalcançável e imaterial.

“Ah! queira Deus que minta sorte irada:
Mas de tão agouro cuidadoso
Só me lembro de Nise, e de mais nada.”
(Cláudio Manuel da Costa)

Esse convencionalismo amoroso não é seguido por alguns poetas árcades; é o caso do português Bocage e do brasileiro Tomás Antônio Gonzaga, que expõem diretamente suas emoções e suas experiências vividas, sendo por isso considerados pré-românticos ou de transição.

“Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões que me arrastava.”
(Bocage)


O Arcadismo no Brasil: 1768 – 1836

1768 – Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa;

1836 – Publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães – obra que marca o início do nosso Romantismo.

O Arcadismo brasileiro originou-se e concentrou-se, principalmente, em vila Rica, atual Ouro Preto – MG, e seu aparecimento teve relação direta com o grande crescimento urbano verificado nas cidades mineiras do século XVIII, cuja base econômica era a extração do ouro.
As idéias iluministas, em Vila Rica, levaram vários intelectuais e escritores a sonharem com a independência do Brasil, principalmente após a repercussão da independência dos Estados Unidos da América(1776). Tais sonhos culminaram na frustrada Inconfidência Mineira(1789).
Cecília Meireles, poetisa modernista, em seu Romanceiro da Inconfidência, registra o espírito febril provocado pelo ouro:

“Mil galerias desabam;
mil homens ficam sepultos;
mil intrigas, mil enredos
prendem culpados e justos;
já ninguém dorme tranquilo,
que a noite é um mundo de sustos.”


Por um lado, nossos escritores procuraram obedecer aos princípios estabelecidos pelas academias literárias ou se inspiravam em certos escritores clássicos consagrados, como Camões, Petrarca e Horácio; mas por outro lado, acrescentaram elementos nacionais, dando a nossa literatura uma certa independência.

Texto contemporâneo com características árcades: CASA NO CAMPO(Zé Rodrix e Tavito)

Eu quero uma casa no campo
onde eu possa compor muitos rocks rurais
e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
onde eu possa ficar do tamanho da paz
e tenha somente a certeza
dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
e um filho de cuca legal
Eu quero plantar com a mão
a pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos / Meus livros / e nada mais
.


Principais Autores e Obras do Arcadismo Brasileiro

Cláudio Manuel da Costa: 1729 – 1789

Pseudônimo: Glauceste Satúrnio
Musa-pastora: Nise
Poesia lírica: influência camoniana; o amor e a natureza se destacam.
Poesia épica: Vila Rica, que narra a fundação e a história da cidade, exaltando as aventuras dos bandeirantes.

Em 1789, foi acusado de envolvimento na Inconfidência Mineira. Encontrado morto na prisão, a alegação oficial para sua morte foi de suicídio, versão contestada, inclusive, por Cecília Meireles:

“Dizem que não foi atilho
nem punhal atravessado,
mas veneno que lhe deram,
na comida misturado.

E que chegaram doutores,
e deixaram declarado
que o morto não se matara,
mas que fora assassinado.”


Tomás Antônio Gonzaga: 1744 - 1810

Pseudônimo: Dirceu
Musa-pastora: Marília
Poesia lírica: Marília de Dirceu
Poesia satírica: Cartas Chilenas – poema anônimo e incompleto, cuja autoria lhe fora atribuída.

O mais popular dos poetas árcades mineiros apaixona-se por Maria Dorotéia de Seixas, uma jovem de 16 anos que será cantada em seus versos sob o pseudônimo de Marília.
“Estou no inferno, estou Marília bela;
e uma coisa só é mais humana
a minha dura estrela;
uns não podem mover do inferno os passos;
eu pretendo voar e voar cedo
à glória dos teus braços.”

A omissão da autoria nas Cartas Chilenas decorre do risco resultante de seu conteúdo: satirizavam os desmandos administrativos e morais de Luís da Cunha Menezes, que governou a capitania de Minas gerais entre 1783 e 1788. Estudos recentes reconheceram a autoria de Tomás Antônio Gonzaga.
A obra é toda um jogo de disfarces: Fanfarrão Minésio é o pseudônimo do governador; Chilenas equivale a mineiras; Santiago, de onde são assinadas, equivale a Vila Rica. O autor das cartas é identificado como Critilo e seu destinatário, como Doroteu.

“Aquele, Doroteu, que não é santo,
mas quer fingir-se santo aos outros homens,
pratica muito mais do que pratica
quem segue os sãos caminhos da verdade.
Mal se põe nas igrejas, de joelhos,
abre os braços em cruz, a terra beija,
entorta o seu pescoço, fecha os olhos,
faz que chora, suspira, fere o peito
e executa outras muitas macaquices,
estando em parte onde o mundo as veja.
Assim o nosso chefe, que procura
mostrar-se compassivo, não descansa
com estas poucas obras: passa a dar-nos
da sua compaixão maiores provas.”


Silva Alvarenga: 1749 – 1814

Pseudônimo: Alcindo Palmirendo
Poesia lírica: Glaura.

Sua obra apresenta como principais características: nativismo(elementos da fauna e da flora nacionais) e sensualidade, sendo, considerado, inclusive, um poeta de transição para o Romantismo.

“Neste bosque alegre e rindo
Sou amante afortunado,
E desejo ser mudado
No mais lindo Beija-flor.
Todo o corpo num instante
Se atenua, exala e perde:
E já de oiro, prata e verde
A brilhante e nova cor.”


A Épica Árcade

A épica árcade brasileira é representada, principalmente, pelas obras O Uraguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão. Além de conterem idéias iluministas, esses poemas apresentam também certos aspectos inexistentes na épica européia: o indianismo e o exotismo da paisagem colonial.

Basílio da Gama: 1741 – 1795
Pseudônimo: Termindo Sipílio;
Obra principal: O Uraguai, cujo tema é a luta dos portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas instalados nas missões jesuíticas do atual Rio Grande do Sul, que não queriam aceitar as decisões do Tratado de Madri.

“Fumam ainda nas desertas praias
Lagos de sangue tépidos e impuros
Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos. Dura inda nos vales
O rouco som da irada artilharia.”


Frei José de Santa Rita Durão: 1722 – 1784

Afirmando que a razão de seu poema Caramuru era o “amor à pátria”, embora tivesse vivido quase todo o tempo em Portugal, Santa Rita confirma a tendência nativista de seu poema, o qual narra as aventuras, em parte históricas, em parte lendárias, do náufrago português Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Em meio às aventuras do protagonista, o autor aproveita para fazer longa descrição das qualidades da terra:

“Não são menos que as outras saborosas
As várias frutas do Brasil campestres;
Com gala de ouro e púrpura vistosas
Brilha a mangaba e os mocujés silvestres.”



Questões de Vestibulares e Concursos

1. “E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.”
Indique a característica presente nos versos acima, de autoria de Bocage:
a) uso de pseudônimos
b) subjetivismo
c) rompimento com os clássicos
d) tema pastoril
e) recurso à mitologia greco-romana

2. “Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.”


O Pré-Romantismo é uma fase de transição do arcadismo para o Romantismo. Aponte no fragmento do soneto acima, de Bocage, uma característica árcade e outra romântica.

3. “As Cartas Chilenas são importante documento histórico sobre o século _____ ao fazer a sátira ao então governador de Minas Gerais, tratado nas cartas pelo pseudônimo de________________________. O remetente assinava com o nome de __________________________ e o destinatário era____________________.

4. Leia, atentamente, os versos a seguir e aponte as características árcades presentes neles:

a) “Façamos, sim, façamos doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.”

b) “Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça!”

5. “Por fim, acentua o polimorfismo cultural dessa época o fato de se desenrolarem acontecimentos historicamente relevantes, como a Inconfidência Mineira e a transladação da corte de D. João VI para o Rio de Janeiro.”
O crítico Massaud Moisés refere-se a que escola literária?
a) Quinhentismo
b) Romantismo
c) Humanismo
d) Barroco
e) Arcadismo

6. Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:

a) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e as formas.
b) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e os modelos camonianos da lírica amorosa.
c) Nos legou os poemas de feição épica Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão e O Uraguai, de Basílio da Gama, no qual se reconhece qualidade literária em relação ao primeiro.
d) Norteou, em termos de valores estéticos básicos, a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor.
e) Apresentou uma corrente de conotação ideológica envolvida com as questões sociais do seu tempo e com a crítica aos abusos da Coroa.

7. Assinale a alternativa que apresenta dois poetas que participaram da Inconfidência Mineira.
a) Cláudio Manuel da Costa – Tomás Antônio Gonzaga
b) Castro Alves – Tomás Antônio Gonzaga
c) Gonçalves Dias – Cláudio Manuel da Costa
d) Gonçalves Dias – Gonçalves de Magalhães

8. Sobre o poema O Uraguai é correto afirmar que:
a) O herói do poema é Diogo Álvares, responsável pela primeira ação colonizadora da Bahia.
b) O índio Cacambo, ao saber da morte de sua amada, Lindóia, suicida-se.
c) Escrito em plena vigência do Barroco, filiou-se à corrente cultista.
d) Os jesuítas aparecem como vilões, enganadores dos índios.
e) Segue a estrutura épica camoniana.

9. “Apenas, Doroteu, o nosso chefe
As rédeas manejou do seu governo,
Fingir nos intentou que tinha uma alma
Amante da virtude. Assim foi Nero.”

O trecho acima pertence a:
a) Obras, de Cláudio Manuel da Costa.
b) Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
c) Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga.
d) Poesias Satíricas, de Gregório de Matos.
e) O Uraguai, de Basílio da Gama.

10. “Que diversas são, Marília, as horas
Que passo na masmorra imunda, e feia,
Dessas horas felizes já passadas
Na tua pátria aldeia!”

Esses versos de Marília de Dirceu caracterizam:
a) A primeira parte da obra, o namoro.
b) A felicidade da futura família.
c) A segunda parte da obra, a cadeia.
d) O sonho de realizar a Inconfidência.
e) O sonho de um futuro feliz ao lado da amada.


O Romantismo
Fala-se no fim do romantismo, todavia apesar dos jovens terem inventado o verbo “ficar”, que contraria todas as normas românticas tradicionais, o escritor moderno Marcos Rey expressa, de uma forma divertida, uma opinião diferente:

“...não é impossível o retorno do romantismo ainda neste século. Há algumas evidências assinalando mudanças. Aumentou, inexplicavelmente, em todo o globo, o número de casamentos. Um novo tipo de radar localizou algumas virgens maiores de 18 anos em diversos países. As doceiras andam felizes com os pedidos de bolos de noiva. O soneto está de volta. Quem diria! E também a coladinha... refiro-me à dança de rosto colado, pele sobre pele, respiração sincopada, quando as orquestras, mesmo com o salão lotado, tocavam só para dois.”

O tipo de romantismo a que se refere o escritor não é a mesma coisa que o Romantismo na arte. Este também está relacionado aos sentimentos, entretanto foi muito mais que isso. Foi um amplo movimento que surgiu no século XIX e representou, artisticamente, os anseios da burguesia, que havia acabado de chegar ao poder na França.

Características da linguagem romântica(conteúdo)

SUBJETIVISMO: o artista romântico trata dos assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, fazendo um recorde subjetivo e idealizado da realidade que o cerca.

“Nosso Céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, / Nossa vida mais amores.”


IDEALIZAÇÃO: O romântico trata os assuntos, em geral, não da maneira como são, mas como deveriam ser segundo sua ótica pessoal: a pátria é sempre perfeita; a mulher é sempre uma virgem delicada, frágil, submissa e inatingível; o amor é espiritual e inalcançável; o índio é um herói nacional, cheio de virtudes.

Ó minha amante, minha doce virgem, / Eu não te profanei, e dormes pura:
No sono do mistério, qual na vida, / Podes sonhar apenas na ventura.”


SENTIMENTALISMO: A relação entre o artista romântico e o mundo é sempre mediada pela emoção, seja diante de um tema amoroso, político, social ou indianista.

“Meu Deus! eu chorei tanto no exílio! / Tanta dor me cortou a voz sentida,
Que agora neste gozo de proscrito / Chora minh’alma e me sucumbe a vida!”

EGOCENTRISMO: A maioria dos poetas românticos volta-se, predominantemente, para o próprio eu, numa atitude narcisista.

“Era uma noite – eu dormia / E nos meus sonhos revia
As ilusões que sonhei! / e no meu lado senti...
Meu Deus, por que não morri? / Por que no sono acordei?”


MEDIEVALISMO: Interesse pelas origens de seu próprio país, de seu povo e de sua língua, daí, no Brasil, a idealização do nosso índio. Um exemplo de medievalismo é o filme Excalibur, da Warner Home Vídeo.

INDIANISMO: o nosso índio encarna o ideal do “bom selvagem”, de Rousseau, tornando-se um verdadeiro herói nacional. A idéia do “bom selvagem” é observada nos filmes A Lagoa Azul e O Guarani.

RELIGIOSIDADE: Representa uma nítida reação ao racionalismo materialista do século anterior. A vida espiritual é enfocada como ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real.

BYRONISMO: (Lord Byron – poeta inglês) Representa um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício, para os prazeres da bebida, do fumo e do sexo; a forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, às vezes, satânica.

“Oh! Não maldigam o mancebo exausto / Que no vício embalou, a rir, os sonhos,
Que lhe manchou as perfumadas tranças / Nos travesseiros da mulher sem brio!”


CONDOREIRISMO: Corrente poética político-social, que ganhou repercussão entre os poetas da terceira geração. Influenciados pelo escritor francês Victor Hugo, os poetas condoreiros defendem a justiça social e a liberdade.

“Oh! bendito o que semeia / Livros ... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar! / O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma, / É chuva – que faz o mar.”

Quanto a forma, a linguagem romântica apresenta: vocabulário e sintaxe mais simples; gosto por métricas populares; irregularidade estrófica; maior liberdade formal e descrições detalhadas, com emprego constante de comparações e metáforas, com a intenção de dar vazão à fantasia, à imaginação e a idealização.

Na MÚSICA ocorre o abandono das fórmulas clássicas, a expressão dos estados de alma, dos sentimentos e das paixões e o subjetivismo: Chopin, Schubert e Beethoven.


Exercícios
1. Nos fragmentos a seguir ocorrem as palavras romantismo e romântico. Identifique se elas se referem ao romantismo como comportamento ou ao Romantismo como estilo de época.

a) Maria romântica: Após dois anos sem se apresentar no Rio de Janeiro, Maria Bethânia volta aos palcos cariocas com um show que ela mesma classifica de rom6antico – e a cantora está romântica e discreta até no guarda-roupa e no próprio título do espetáculo, Maria.

b) Desfiles em Paris: Oriente e romantismo dominam coleções.

c) Em seu estudo sobre a moda do século XIX, Gilda Mello e Souza mostra que a moda era o único meio lícito de expressão da mulher romântica...

d) “Quatro Casamentos” resgata o romantismo.

2. Leia os trechos seguintes e indique a(s) característica(s) românticas que ocorre(m) em cada um, entre as indicadas a seguir:
subjetivismo – sentimentalismo – exaltação da natureza – natureza concebida como refúgio – incorporação de fatos misteriosos – religiosidade – valorização da infância – idealização da figura feminina – pessimismo – valorização do passado – nacionalismo – atração pela morte – valorização do homem em estado selvagem

a) “Feliz a inteligência vulgar e rude, que segue os caminhos da vida com os olhos fitos na luz e na esperança postas pela religião além da morte...” (Alexandre Herculano)

b) “Brilha a lua no céu, brilham estrelas, / Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se / Um quebranto de amor, melhor que a vida!
(Gonçalves Dias)

c) “Oh! dias da minha infância! / Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era / Nessa risonha manhã.” (Casimiro de Abreu)

d) “Creio em Deus, amo a pátria, e em noites lindas
Minh’alma – aberta em flor – sonha contigo.” (Casimiro de Abreu)

e) “Morena, minha sereia, / Tu és a rosa da aldeia, / Mulher mais linda não há...”
(Casimiro de Abreu)

f) “Por mim, não conheço objeto mais lindo em toda a natureza, mais feiticeiro, mais capaz de arrebatar o espírito e inflamar o coração do que é uma jovem donzela quando a modéstia lhe faz subir o rubor às faces e o pejo lhe carrega brandamente nas pálpebras...”(Almeida Garret)

3. O fragmento que apresenta características da estética romântica é:
a) “Aqueles cabelos castanhos encaracolados, aquele pescoço enrolado no pisca-pisca embriagante das contas vermelhas.”
b) “Viu ainda dois olhos enormes, redondos, saltados e interrogativos, distúrbio talvez de tiróide, olhos que perguntavam.”
c) “Bonita, não, eu sabia que não, com seu prognatismo e seu cabelo, a esposa bonita não era não.”
d) “Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os pés até a cabeça.”
e) “Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo.”

4. Assinale a alternativa falsa:
a) O Romantismo, como estilo, não é modelado pela individualidade do autor; a forma predomina sempre sobre o conteúdo.
b) O Romantismo é um movimento de expressão universal, inspirado nos modelos medievais e unificado pela prevalência de características comuns a todos os escritores da época.
c) O Romantismo como estilo de época, constituiu, basicamente, um fenômeno estético-literário desenvolvido em oposição ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.
d) O Romantismo, ou melhor, o espírito romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a imaginação. Pode-se creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de criarem mundos imaginários.
e) O Romantismo caracterizou-se por um complexo de características, como o subjetivismo, o ilogismo, o senso de mistério, o exagero, o culto da natureza e o escapismo.

5. Assinale a(s) alternativa(s) que caracteriza(m) a produção romântica:
a) Atitude subjetiva marcada por intenso sentimentalismo.
b) Decadência do romance entre os gêneros narrativos.
c) Crença no papel do poeta como gênio portador de verdades, cumpridor de missões.
d) Presença da natureza com função expressiva, significando e revelando.
e) Culto do mito da na nação, num momento de grande afirmação cultural.
f) Idealização do herói, visto como ser extraordinário, poderoso, justiceiro e bom.
g) Conservação dos gêneros poéticos herdados da Renascença.

O Romantismo no Brasil: 1836 – 1881


1836 – Publicação de “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves Magalhães;

1881 – Publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis e “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo.

O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa independência política. Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas românticos estão empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a religião, etc.. Assim, podemos dizer que o nacionalismo é o traço essencial que caracteriza a produção dos nossos primeiros escritores românticos, como é o caso de Gonçalves Dias (1823 – 1864), cuja obra apresenta três aspectos marcantes: indianismo, lirismo amoroso e exaltação da pátria.

1a Geração Romântica na Poesia:Nacionalismo / Indianismo


· Criação do herói nacional: o índio;
· Exaltação da natureza;
· Sentimentalismo;
· Religiosidade;
· Volta ao passado medieval;
· Desejo de liberdade.

TEXTO 01: CANÇÃO DO EXÍLIO – Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá.


TEXTO 02: Canção do Exílio – paródia de Murilo Mendes(modernista)

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturanos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!


TEXTO 03: AQUARELA BRASILEIRA – Ari Barroso

Brasil
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingá
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...

Ô abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do serrado
Bota o rei congo no gongado
Brasil! Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencórea luz da lua
Toda canção do meu amor...
Quero ver a “sá dona” caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado.
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...

Ô esse coqueiro que dá coco
Oi onde amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!
Ô oi essas fontes murmurantes
Oi onde eu mato minha sede

E onde a lua vem brincá
Oi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...


TEXTO 04: BRASIL – cazuza
Não me convidaram
pra essa festa pobre
que os homens armaram
pra me convencer
a pagar sem ver
toda essa droga
que já vem malhada
antes d’eu nascer.
Não me ofereceram
nem um cigarro,
fiquei na porta
estacionando os carros.
Não me elegeram
chefe de nada:
o meu cartão de crédito
é uma navalha.
Brasil, mostra a tua cara.
Quero ver quem paga
pra gente ficar assim.
Brasil,
qual é o teu negócio,
o nome do teu sócio?
Confia em mim.
Não me sortearam
a garota do Fantástico,
não me subornaram.
Será que é o fim
ver TV a cores
na taba de um índio
programada pra só dizer sim?
Grande pátria desimportante,
em nenhum instante eu vou te trair.


2a Geração Romântica na Poesia:Ultra-Romantismo

· Mal do século
· Egocentrismo
· Pessimismo
· Desilusão adolescente, tédio
· Satanismo
· Atração pela morte
· Fuga da realidade
· Influência do poeta inglês Lord Byron.
· Principais autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire.

Alguns anos depois da introdução do Romantismo no Brasil, a poesia ganha novos rumos graças ao aparecimento dos ultra-românticos, poetas desinteressados pela vida político-social, voltados para si mesmos, com uma atitude profundamente pessimista diante da vida, entediados, sem perspectivas, sonhando com amores impossíveis e esperando a morte chegar.
“Morria-se jovem porque isso era triste e lamentável... Secreta ou confessadamente, o homem romântico se inclinava a morrer moço. E quantos, mas quantos não terão morrido apenas vítimas desse pressentimento, nem vale a pena imaginar!... “ (Mário de Andrade)
Os ultra-românticos apresentam uma visão dualista do amor, que envolve atração e medo, desejo e culpa, temendo, inclusive, a realização amorosa. O ideal feminino é, normalmente, associado a figuras incorpóreas ou assexuadas, como anjo, criança, virgem, etc., e as referências ao amor físico se dão apenas de modo indireto, sugestivo ou superficial.


TEXTO 01: AMOR E MEDO – Casimiro de Abreu

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem
Vil, machucava com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço
Anjo enlodado nos pauis da terra.

...............................................................
Se de ti fujo é que te adoro e muito,
És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!...



TEXTO 02: VAGABUNDO – Álvares de Azevedo

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noites serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.

........................................................
Tenho por palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.


TEXTO 03: NÉVOAS (parte) – Fagundes Varela

Nas horas tardias que a noite desmaia,
Que rolam na praia mil vagas azuis,
E a luz cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz.

Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
Que em grutas extensas se elevam no ar,
Um corpo de fada, serena dormindo,
Tranquila sorrindo num brando sonhar.

Na forma de neve, puríssima e nua,
Um raio da lua de manso batia,
E assim reclinada no túrbito leito
Seu pálido peito de amores tremia.

Nas nuas espáduas, dos astros dormentes
Tão frio não sentes o pranto filtrar?
E as asas de prata do gênio das noites
Em tíbios açoites a trança agitar?

E as auras passavam, e as névoas tremia
E os gênios corriam no espaço a cantar,
Mas ela dormia tão pura e divina
Qual pálida ondina nas águas do mar!

E as brisas da aurora ligeiras corriam,
No leito batiam da fada divina...
Sumiram-se as brumas do vento
à bafagem
E a pálida imagem desfez-se em neblina


TEXTO 04: EMOÇÕES – Roberto Carlos
Quando eu estou aqui
Eu vivo este momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo
São tantas já vividas
São momentos que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Estórias que eu contei aqui
Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo
Sei tudo que o amor é capaz de me dar
Eu sei, já sofri, mas não deixo de amar
Se chorei ou se sofri
O importante é que emoções eu vivi
Mas eu estou aqui
Vivendo este momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida e o que ela me traz
Na fé que me faz otimista de mais
Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi.

3a Geração Romântica na Poesia:Condoreirismo


As décadas de 60 e 70, do século XIX, representam para a poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo que muitos dos procedimentos das gerações anteriores são mantidos, novidades de forma e de conteúdo dão origem à terceira geração da poesia romântica, mais voltada para os problemas sociais e com uma nova forma de tratar o tema amoroso.
· poesia social libertária;
· protesto político;
· libertação dos escravos (liberdade = condor);
· tendência realista;
· influência do escritor francês Victor Hugo.

· Principais autores: Castro Alves e Joaquim de Souza Andrade (Sousândrade).

POESIA ENGAJADA – é aquela que se coloca a serviço de uma causa político-ideológica, procurando ser uma arte de contestação e conscientização.
No século XX, vários poetas deram continuidade a essa corrente poética, como: Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Thiago de Melo e outros.
A música popular também cumpriu esse papel nos anos 60 do século passado, durante o regime militar, principalmente pela voz de Geraldo Vandré, chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

TEXTO 01: NAVIO NEGREIRO – Castro Alves

Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros ... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoas vãs!

No entanto o capitão manda a manobra.
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”

E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presas nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra.
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


TEXTO 02 – BOA NOITE – Castro Alves

Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde ... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite! ... E tu dizes – Boa noite,
Mas não mo digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
-Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti? Pois foi mentira
Quem cantou foi teu hálito, divina!

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
-Boa noite! – formosa Consuelo!...


TEXTO 03 – HAITI – Caetano Veloso e Gilberto Gil

Quando você for convidado para subir no adro
da fundação Casa de Jorge Amado
pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
dando porrada na nuca de malandros pretos
de ladrões mulatos e outros quase pretos
(e são quase todos pretos) / e os quase brancos pobres como pretos
como é que pretos, pobres e mulatos / e quase brancos quase pretos
de tão pobres são tratados......
e quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos....
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui, o Haiti é aqui.


Questões de Vestibulares e Concursos: O Romantismo

1. A época romântica caracteriza-se por:
a) lusófoba e nacionalista
b) de influência inglesa
c) atéia e influenciada pelo positivismo
d) carente de bons poetas

2. Assinale a alternativa em que se encontram três características do movimento literário ao qual se dá o nome de Romantismo.
a) predomínio da razão, perfeição da forma, imitação dos antigos gregos e romanos.
b) reação anticlássica, busca de temas nacionais, sentimentalismo e imaginação.
c) anseio de liberdade criadora, busca de verdades absolutas e universais, arte pela arte.
d) desejo de expressar a realidade objetiva, erotismo, visão materialista do universo.
e) Preferência por temas medievais, rebuscamento de conteúdo e de forma, tentativa de expressar a realidade inconsciente.

3. “lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá
sinhá,
cá?
bah!”

O poema acima, do poeta contemporâneo José Paulo Paes, alude parodisticamente ao poema:
a) Voz do Poeta, de Fagundes Varela.
b) As Pombas, de Raimundo Correia.
c) Meus Oito Anos, de Casimiro de abreu.
d) Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

4. “Suspiros Poéticos e Saudades”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “O Mulato” são, respectivamente, obras que marcam, no Brasil, a introdução dos seguintes movimentos literários:
a) Romantismo, Simbolismo, Modernismo
b) Romantismo, Realismo, Naturalismo
c) Realismo, Simbolismo, Naturalismo
d) Realismo, Modernismo, Parnasianismo


5. Leia atentamente o fragmento da poesia “Ainda uma vez – adeus!”, de Gonçalves Dias :
“Enfim te vejo! – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito pensei, cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!

Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar nas crespas cerviz!
Baldão, ludibrio da sorte
Em terra estranha, entre gente
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!

Louco, aflito, a saciar-me
D’agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp’rança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!”

a) Aponte três características românticas presentes no fragmento acima. Justifique sua resposta com palavras ou frases do texto.

b) Na terceira estrofe, temos as palavras tédio, morte, vida e viver. Qual a relação estabelecida entre elas pelo autor?

c) Como o eu-lírico se caracteriza diante do amor frustrado?

6. “Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem, Tu és apenas
A visão mais real das que nos cercam,
Que nos extingues as visões terrenas.”

a) O texto caracteriza qual geração romântica?

b) O que representa a morte para o poeta?

c) Quem é o autor do texto acima?


7. Marque a opção que traz a obra considerada marco inicial do Romantismo no Brasil:
a) Iracema
b) Marília de Dirceu
c) O Guarani
d) Suspiros Poéticos e Saudades

8. Assinale a opção que melhor preencha a lacuna existente no seguinte texto:
“Segundo a interpretação de Karl Manheim, o ______expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas: a nobreza, que já caiu, e a pequena burguesia que ainda não subiu: de onde vem as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que pontuam todo o movimento.”
a) Realismo
b) Romantismo
c) Impressionismo
d) Arcadismo

9. O desejo de morrer e a sentimentalidade doentia são características da poesia do autor de Lira dos vinte anos. Trata-se de:
a) Gonçalves Dias
b) Gonçalves de Magalhães
c) Álvares de Azevedo
d) Castro Alves
e) Casimiro de Abreu

10. “Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!... e devo então dormir com ela?...
Se ela ao menos dormisse mascarada!”...
Entre as alternativas a seguir, marque a melhor define o tipo de humor explorado pelo poeta na estrofe aqui transcrita.
a) humor negro, em que zomba de sua própria dor.
b) sátira, com o propósito de reformar determinada situação.
c) humor colérico, aplicado com o intuito de ironizar, castigar.
d) espírito de troça: pilhéria para divertir e provocar risos nos leitores.
e) oposição entre o racional e o irracional a ponto de deturpar as formas naturais.

11. “Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embaladas!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!”
A estrofe demonstra que a mulher aparece, frequentemente, na poesia de Álvares de Azevedo, como figura:
a) sensual
b) próxima
c) inacessível
d) concreta
e) natural

12. Os poemas de Álvares de Azevedo desenvolvem atmosferas variadas que vão do lirismo mais ingênuo ao erotismo, com toques de ironia, tristeza, zombaria, sensualidade, tédio e humor. Estas características demonstram:
a) a carga de brasilidade do seu autor.
b) a preocupação do autor com os destinos de seu país.
c) os aspectos neoclássicos que ainda persistem nos versos desse autor.
d) o ultra-romantismo, marcante nesse autor.
e) o aspecto social de seus versos.

13. “Pátria de liberdade! Antros profundos;
Vastos palácios; eternais castelos,
Mandai-me os gênios das sombrias grutas
De meus grilhões espedaçar os elos!...”

a) O autor dos versos acima apresenta características da transição da Segunda para a terceira geração romântica. Quem é ele?

b) Percebe-se, nitidamente, uma postura política no texto. Qual?

14. “Deus! Ó Deus! onde estás que não me respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...”

a) De quem são esses versos?

b) que contexto social revelam?

15. Na poesia lírico-amorosa de Castro Alves observa-se:
a) uma posição platônica em relação ao amor, sobre o qual versifica em linguagem racional e contida.
b) a idealização da mulher, cantada constantemente como objeto inacessível ao poeta.
c) a preocupação de ocultar, por meio de excesso de figuras de linguagem, os mais recônditos desejos do poeta.
d) uma renovação em relação à de seus antecessores, pela expressão ousada dos impulsos eróticos.
e) a mesma timidez revelada nos devaneios líricos dos poetas da geração byroniana.

A Prosa Romântica

O Romantismo marca a afirmação do romance como gênero literário de grande aceitação popular. Trata-se de um texto em prosa, normalmente longo, que possui vários núcleos narrativos em torno de um núcleo central. Narra fatos criados ou relacionados a personagens, numa sequência de tempo relativamente ampla e em determinado lugar ou determinados lugares.
Por relatar acontecimentos da vida comum e cotidiana e por dar vazão ao gosto burguês pela fantasia e pela aventura, o romance vem a ser o mais legítimo veículo de expressão artística desta classe.
A palavra romance, popularmente, assume também o sentido de caso amoroso. Talvez por causa disso, algumas pessoas pensem que todo romance tenha, obrigatoriamente, um tema amoroso. Na verdade, como gênero literário, há vários tipos de romance: histórico, regional, urbano, psicológico, policial, etc. O amor pode ou não participar de qualquer um deles.
Outra confusão é pensar que todo romance seja romântico. Embora tenha se firmado no Romantismo, o romance tem vida própria, fez parte de movimentos literários posteriores e chegou até aos nossos dias.
Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a forma de folhetim, que era uma publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada obra literária.
Para garantir que o leitor comprasse o jornal no dia seguinte e lesse mais um capítulo do romance, os autores folhetinescos valeram-se de certas técnicas, como cortar a narrativa no momento culminante de uma cena. Esta técnica, a mais explorada, pode ser observada até hoje nas telenovelas, herdeiras diretas do romance folhetinesco. Outros ingredientes comuns aos dois tipos de narrativa são o triângulo amoroso, a vitória do bem contra o mal e o final feliz.
O primeiro romance brasileiro de que se tem notícia foi O Filho do Pescador (1843), de Teixeira e Souza(1812-1881), uma obra sentimentalóide e de trama confusa, não se identificando com as linhas gerais do nosso romantismo.
Pela aceitação obtida junto ao público leitor, convencionou-se adotar o romance A Moreninha(1844), de Joaquim Manuel de Macedo, como o primeiro romance brasileiro.

Características da Prosa Romântica
O FLASH-BACK NARRATIVO: O narrador faz uma volta no tempo para explicar, por meio do passado, certas atitudes das personagens no presente. Às vezes, esse flash-back traz revelações surpreendentes.

O AMOR COMO REDENÇÃO: O conflito narrativo dos romances românticos é, normalmente, a oposição entre os valores da sociedade e o desejo da realização amorosa dos amantes: ou a família não deseja a união do casal, ou um dos dois está impossibilitado(social ou religiosamente) ou não merece, moralmente, o amor do outro. De qualquer forma, o amor é sempre visto como o único meio do herói ou vilão romântico se redimirem e se purificarem.

IDEALIZAÇÃO DO HERÓI: O herói romântico, em geral, é um ser dotado de idealismos, de honra e de coragem. Às vezes, põe a própria vida em risco para atender aos apelos do coração ou da justiça.

IDEALIZAÇÃO DA MULHER: Normalmente, as heroínas românticas são moças sem opinião própria, dominadas pela emoção, obedientes às determinações dos pais e educadas para o casamento. Frágeis, frequentemente sofrem de mal-estar ou desmaiam. Sua ocupação principal é sonhar com um “príncipe encantado” e tramar intrigas sentimentais.

PERSONAGENS PLANAS: Em geral, as personagens são trabalhadas emocionalmente, mas não como um todo; ou seja, não se mostra o lado racional delas, suas reflexões existenciais, seus conflitos interiores. Além disso, essas personagens, normalmente, são lineares, isto é, não sofrem mudança e mantêm esse perfil do começo ao fim da obra – por isso são chamadas de planas. As poucas personagens esféricas do Romantismo pertencem a obras de transição para o Realismo.

LINGUAGEM METAFÓRICA: A prosa romântica tende à fantasia e à imaginação, por isso são frequentes as descrições com adjetivação abundante, as comparações e as metáforas, com a finalidade de idealizar um ambiente ou uma personagem: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.”

Tendências do Romance Romântico
ROMANCE INDIANISTA: Celebra o estado de pureza e inocência do índio (“o bom selvagem”) , sua nobreza e sua valentia, bem como a formação mestiça da raça brasileira.
Principal escritor: José de Alencar
Obras: O Guarani(1857); Iracema(1865); Ubirajara(1874).

ROMANCE SERTANEJO ou REGIONALISTA: Diferentemente dos outros tipos de romances românticos, o romance regional não tinha modelos no romantismo europeu e, por isso, foi obrigado a construir seus próprios modelos.
Estendendo o olhar para os quatro cantos do Brasil, o romance regional buscou compreender e valorizar as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que ainda hoje marcam essas regiões.

Principais autores e obras:

José de Alencar: O Gaúcho(1870); O Tronco do Ipê(1871); O Sertanejo(1875).
Visconde de Taunay: Inocência(1872);
Bernardo Guimarães: O Seminarista(1872); A Escrava Isaura(1875);
Franklin Távora: O Cabeleira.

ROMANCE HISTÓRICO: Reinterpretação nacionalista de fatos e personagens de nossa história, numa revalorização(idealização) de nosso passado.

Principais autores e obras:

José de Alencar: O Guarani(1857); As Minas de Prata(1871); A Guerra dos Mascates(1873);
Bernardo Guimarães: Lendas e Romances; Histórias e Tradições da Província de Minas Gerais;
Franklin Távora: O Matuto(1878); Lourenço.

ROMANCE URBANO: Tratando das particularidades da vida cotidiana da burguesia, o romance urbano amadureceu o próprio romance como gênero, ao mesmo tempo que solidificou o Romantismo e preparou os caminhos do romance político-social, mais cultivado por outros movimentos literários.
· Temas ligados à vida social, principalmente do Rio de Janeiro;
· Tipos humanos, problemas sociais e morais relacionados às grandes cidades.
Para a burguesia de então, ver o seu mundo retratado nos livros era uma novidade maravilhosa, o que explica o sucesso absoluto desse tipo de romance.

Principais autores e obras:

Joaquim Manuel de Macedo: A Moreninha(1844); O Moço Loiro(1845);
Manuel Antônio de Almeida: Memórias de Um Sargento de Milícias(1853);
José de Alencar: Lucíola(1862); Senhora(1875).

O TEATRO ROMÂNTICO
· Martins Pena;
· Gonçalves Dias;
· José de Alencar.

A Literatura Gótica e o Rock

A designação gótico, na literatura, associa-se ao universo decadente, mórbido e satânico introduzido pelos ultra-românticos. No rock, no entanto, o termo não tem o mesmo significado, já que outras várias tendências, além da gótica, se interessam pelos mesmos temas. Nos anos 70, início do heavy-metal, o grupo Black Sabbath cantou o demônio e o sabá; na década seguinte, o grupo Iron Maiden deu continuidade à proposta, porém introduzindo o misticismo e o exótico. Ainda nos anos 80, o grupo Joy Division, cantando o pessimismo, o mal-estar, a depressão, tornou-se um dos principais representantes do dark rock.

Obras gótico-românticas de Álvares de Azevedo:

· Noite na Taverna(contos);
· Macário(teatro).

NOITE NA TAVERNA pode ser considerada uma obra de contos, apesar de haver um fio narrativo unindo todas as histórias.
No primeiro capítulo, um narrador em 3a pessoa apresenta o ambiente: uma taverna povoada de bêbados e loucos. A uma mesa, alguns homens conversam e bebem. Excitados pelo álcool, cada um deles conta uma história de sua vida.
Todas as histórias narradas são fantásticas, envolvendo trágicos acontecimentos de amor e morte, vícios e crimes, notando-se um forte pessimismo dos narradores em relação à vida.
Os temas mais excêntricos do gosto ultra-romântico são encontrados nessas narrativas: violência física e sexual, adultérios, assassinatos, incestos, necrofilia, antropofagia, corrupção, etc.


Alguns seguidores do estilo gótico:
· Cruz e Souza (simbolista);
· Alphonsus de Guimaraens (simbolista);
· Augusto dos Anjos (pré-modernista);
· Raul Seixas e Paulo Coelho (contemporâneos);
· Rita Lee (contemporânea).


TEXTO 01: de Rita Lee e Roberto de Carvalho
Venha me beijar, meu doce vampiro
Ô, uou, na luz do luar
Ah, ah, ah, ah, venha sugar o calor
De dentro do meu sangue, vermelho,
tão vivo, tão eterno, veneno
que mata a sua sede
que me bebe quente
como um licor
brindando à morte
e fazendo amor.


TEXTO 02: PSICOLOGIA DE UM VENCIDO – Augusto dos Anjos


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


Realismo, Naturalismo, Parnasianismo

“Na segunda metade do século XIX, o contexto sócio-político europeu mudou profundamente: lutas sociais, tentativas de revolução, novas idéias políticas e científicas. O mundo agitava-se e a literatura não podia mais, como no tempo do romantismo, viver de idealizações, do culto do eu e da fuga da realidade. Era necessária uma arte mais objetiva, que atendesse ao desejo do momento: analisar, compreender, criticar e transformar a realidade. Como resposta a essa necessidade, nascem, quase ao mesmo tempo, três tendências anti-românticas na literatura, que se entrelaçam e se influenciam mutuamente: o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo.”
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida, como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano; da impotência do homem diante dos poderosos.
Sociedade: decadência da aristocracia e do clero; ascensão da classe média (burguesia); lutas proletárias; Manifesto Comunista(1848): Marx e Engel.
Economia: o dinheiro domina a vida pública e a privada; a empresa é mais importante que o homem; segunda etapa da Revolução Industrial(aço, petróleo, eletricidade); péssimas condições de trabalho.

CIÊNCIA


· Evolucionismo (Charles Darwin): A Origem das Espécies(1859) – teoria da seleção natural, segundo a qual , a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos aquelas variações que se perpetuarão. Assim, os mais fortes sobrevivem e procriam, e os mais fracos são eliminados antes da procriação.

· Determinismo (H. Taine): o comportamento humano é determinado por três aspectos básicos: o meio, a raça e o momento histórico.

· Positivismo (August Comte): o único conhecimento válido é o positivo, oriundo das ciências. É uma filosofia empírica, baseada na observação do mundo físico. Acredita na capacidade do homem de amar e ser solidário socialmente.
Artes: A arte realista representa o mundo sem idealismos ou sentimentalismos; o artista tem uma posição política (arte engajada); personagens populares das classes menos favorecidas; o artista procura nivelar sua posição à do cientista; os personagens são condicionados ao meio físico e social.


Realismo


Defende uma maior aproximação com a realidade ao descrever os costumes, o relacionamento homem/mulher, as relações sociais, os conflitos interiores do ser humano, a crise das instituições(Estado, igreja, família, casamento).
Introspecção psicológica: o conhecimento sobre o personagem realista não provém apenas de suas atitudes e das descrições físicas. O narrador realista faz um relato de suas vivências interiores, revelando seus conflitos, sentimentos, suas aspirações e lembranças do passado.
Universalização: embora a prosa realista tome como ponto de partida o indivíduo comum e anônimo, tende à universalização, uma vez que todos os homens vivem mais ou menos os mesmos problemas e se sentem da mesma forma.
Obra inicial: Madame Bovary(1857) – Gustave Flaubert.

Naturalismo


Procura dar um novo tratamento ao Realismo, atribuindo-lhe um caráter mais científico a partir das teorias que circulavam na época. A exemplo da medicina experimental e das experiências de laboratório, os naturalistas criam o romance experimental ou o romance de tese, em que procuram provar certas teorias na laboratório humano de ficção, o romance.
Frequentemente, são realçados certos traços instintivos e patológicos do ser humano, identificado como um animal, especialmente nos aglomerados das camadas mais baixas da população.
Obra inicial: Thérèse Raquin – Émile Zola(1867).

Parnasianismo


Representa uma tentativa de recuperar os ideais clássicos varridos pelo Romantismo e restabelecer o equilíbrio, a razão e a objetividade. Imitando os modelos greco-latinos, os parnasianos contentam-se em cultivar temas convencionais e aspiram ao perfeccionismo formal e ao purismo linguístico.
Obras iniciais: Parnase Contemporain – antologias parnasianas publicadas a partir de 1866.


Exercícios

1. Uma literatura se preocupa com os aspectos sociológicos da obra e faz um romance de tese documental, e outra se preocupa com os aspectos patológicos da obra e faz um romance de tese experimental. Aponte, respectivamente, o nome dessas escolas literárias.


2. “Foi efetivamente como protesto contra o exagero do gosto ________________, tornado frio artifício, que o Realismo surgiu. Como é natural, os realistas atacavam o subjetivismo falso dos ___________________ e apelavam para uma objetividade sã, serena e mais sincera, desdenhavam a ingenuidade e o patriotismo, e decididamente optavam pela consciente imitação do gosto estrangeiro.”

3. Leia atentamente o texto de Alceu Valença:

Como Dois Animais


Uma moça bonita
de olhar agateado
deixou em pedaços
o meu coração

Uma onça pintada
e seu tiro certeiro
deixou os meus nervos
de aço no chão

Foi mistério e segredo
e muito mais
foi divino o brinquedo
e muito mais
se amar como dois animais


Meu olhar vagabundo
de cachorro vadio
olhava a pintada
e ela estava no cio.

Era um cão vagabundo
e uma onça pintada
se amando na praça
como os animais.

a) Você diria que o texto acima apresenta pontos comuns com o Naturalismo? Justifique sua resposta.

4. “O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita? Tal era a pergunta que eu vinha fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, sem atinar com a solução do enigma.”

No trecho acima, o narrador, que é o protagonista da história, questiona-se por que se sente dividido: ele percebe o mundo de um ponto de vista ___________ , mas aspiraria a que ele fosse organizado de acordo com os princípios _______ .


O Realismo no Brasil: 1881 – 1893

1881 – Publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.

1893 – Publicação de “Missal e Broquéis”, de Cruz e Souza, marco inicial do Simbolismo.
“Na segunda metade do século XIX, surgiu um dos melhores prosadores da literatura brasileira: Machado de Assis(1839-1908). Sua obra traz o ambiente do rio de Janeiro do Segundo Reinado e dos primeiros anos da República, um período de muitas mudanças no cenário e na vida brasileira, ultrapassando os limites locais com sua invulgar agudeza na penetração da alma humana e conferindo ao romance brasileiro uma profundidade e uma dimensão raramente atingidas por outros escritores brasileiros.”

Cultivado por Machado de Assis, o romance realista brasileiro é uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo críticas à sociedade a partir do comportamento dos personagens. Por outro lado, o romance realista analisa a sociedade “por cima”, ou seja, suas personagens são capitalistas, pertencem à classe dominante. O romance realista é documental, retrato de uma época.

A OBRA DE MACHADO DE ASSIS

1a fase(romântica ou de amadurecimento):
 ainda preso a alguns princípios da escola romântica: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia.

2a fase(realista ou de maturidade): definido dentro das idéias realistas(romances e contos): análise psicológica dos personagens, egoísmo, pessimismo, negativismo, linguagem correta(clássica), frases curtas, capítulos curtos, conversa com o leitor, crítica aos valores românticos: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.

Machado de Assis escreveu cerca de 200 contos, estreando ainda no Romantismo, com Contos Fluminenses(1869), registrando-se, posteriormente, uma significativa mudança de perspectiva e de linguagem: O Alienista, Missa do Galo, A Cartomante, Noite de Almirante, Teoria do Medalhão, O Epelho, Cantiga de Esponsais, Sereníssima República, Verba Testamentária.

Memórias Póstumas de Brás Cubas: editado em livro em 1881, foi publicado em folhetim no ano anterior, na Revista Brasileira.
O romance apresenta a autobiografia de Brás Cubas, que, depois de morto, resolve escrever suas memórias. Dentre os fatos ligados à sua vida, destacam-se: seus amores juvenis por Marcela, suas aspirações à vida política, sua amizade com o filósofo Quincas Borba e seu caso amoroso com Virgília, mulher de Lobo Neves.

O Naturalismo no Brasil

1881 – Publicação do romance O Mulato, de Aluísio de Azevedo(1857-1913).
É em 1890, com o lançamento de O Cortiço, do mesmo autor, que o Naturalismo atinge o seu apogeu. Nesse mesmo ano, embora despercebido, aparece também o livro de Rodolfo Teófilo, A Fome. No ano seguinte, surge O Missionário, de Inglês de Souza, seguido de A Normalista(1892) e O Bom Crioulo(1895), de Adolfo Caminha.
Nessas obras, o fatalismo das forças sociais e naturais atua pesadamente sobre o homem. Natureza, ambiente social, educação, taras e instintos geram conflitos dramáticos, situações anormais e finais catastróficos.
Para os naturalistas, o homem não passa de um animal cujo destino é determinado pelo meio social em que vive e pela hereditariedade. Nessa visão, roubam-lhe o livre arbítrio, deixando-o à mercê de forças que estão além de seu controle.
Quanto ao conteúdo, o romance naturalista apresenta: determinismo, objetivismo científico, temas de patologia social, observação e análise da realidade, o ser humano descrito sob a ótica do animalesco e do sensual, despreocupação com a moral e literatura engajada.

A OBRA DE ALUÍSIO DE AZEVEDO


Aluísio de Azevedo produziu, simultaneamente, romances românticos (comerciais, para o consumo fácil) e romances naturalistas.
Sua produção naturalista apresenta: preocupação com as classes marginalizadas da sociedade, crítica ao conservadorismo e ao clero, defesa do ideal republicano, valorização dos instintos naturais, comparação de personagens com animais: “ancas de vaca do campo”; um homem morreu “estrompiado como uma besta”; verdadeira satisfação de “animal no cio”; “exalação de animais cansados.”

Obras: Uma Lágrima de Mulher(1880); O Mulato(1881); Mistérios da Tijuca; Casa de Pensão; O Cortiço(1890).

O CORTIÇO – esta obra representa uma conquista definitiva do nosso romance, pois pela primeira vez na literatura brasileira, um escritor dá vida e corpo a um agrupamento humano, uma habitação coletiva.
Inúmeros tipos humanos, quase todos representantes de uma população marginal, desfilam pelas páginas do romance. O ambiente degradado e corrupto onde vivem é o cortiço, cujo dono é o português João Romão, também proprietário da pedreira, onde trabalham, e da venda, onde se endividam ao comprar fiado.

Outros autores e suas principais obras:

· Raul Pompéia(1863-1895): O Ateneu(1888);
· Domingos Olímpio(1850-1906): Luzia-Homem.

Exercícios

1. Em 1881, dois romances fixam o início do Realismo e do Naturalismo na literatura brasileira. Indique as duas obras e seus respectivos autores.

2. “... é uma grande mancha pardacenta que se alonga aos nossos olhos; cinza como o cotidiano do homem burguês, cinza como a eterna repetição dos mecanismos de seu comportamento; cinza como a vida das cidades que já então se unificava em todo o Ocidente. É a moral cinzenta do fatalismo que se destila...”

a) Identifique a estética literária a que se refere o texto anterior.

b) Exemplifique a referência de Alfredo bosi, comentando uma obra ilustrativa desse período.

3. Relacione:
A – valorizou o indianismo com intuito nativista.
B – idealizou a vida campestre como verdadeiro estado da poesia.
C – analisou o momento histórico, revelando-o em sua miséria moral e econômica.
( ) Realismo
( ) Romantismo
( ) Arcadismo

3. Coloque em ordem cronológica as escolas literárias a seguir: Barroco – Romantismo – Trovadorismo – Classicismo – Arcadismo – Humanismo – Quinhentismo – Realismo.


O Parnasianismo no Brasil


“Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltaram para o exame da realidade, o Parnasianismo representou, na poesia, o retorno à orientação clássica, ao princípio do belo na arte, à busca do equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não no mundo exterior”.
O Parnasianismo distancia-se da realidade, voltando-se para si mesmo. Assim, os parnasianos achavam que o objetivo maior da arte não é tratar dos problemas humanos e sociais, mas alcançar a perfeição em sua construção: rimas, métrica, imagens, vocabulário seleto, equilíbrio, etc.
A poesia parnasiana apresenta uma linguagem muito complicada, o soneto como forma fixa, o materialismo, sentimento contido e predomínio da 3a pessoa.
A primeira publicação considerada parnasiana propriamente dita é a obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias, mas coube a outros escritores o papel de solidificar o movimento entre nós.
O poeta modernista Oswald de Andrade criticou, severamente, os parnasianos: “Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.”

Principais escritores e obras:
· Olavo Bilac(1865 – 1918): Hino à Bandeira, Via Láctea. Sarças de Fogo, O Caçador de Esmeraldas.
· Raimundo Correia(1860 – 1911): Primeiros Sonhos(1879 – fase romântica); Sinfonias(1883), Versos e Versões(1887) – fase parnasiana;
· Alberto de Oliveira(1859 – 1937): Vaso grego; Vaso Chinês; O Muro;
· Vicente de Carvalho(1866-1924): Ardentias e Relicários; Rosa, rosa de amor; Poemas e Canções;
· Luís Guimarães Júnior(1845 – 1898): Visita à Casa Paterna;
· Francisca Júlia(1871 – 1920): Os Argonautas.

TEXTO 01: VASO CHINÊS – Alberto de Oliveira

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura-
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:

Que arte, em pintá-la! A gente acaso
[vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição amêndoa.

O Simbolismo

“Os simbolistas, insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo a que esteve submetida a sociedade industrial européia na segunda metade do século XIX, representam a reação da intuição contra a lógica, do subjetivismo contra a objetividade científica, do misticismo contra o materialismo, da sugestão sensorial contra a explicação racional.”

Características da linguagem simbolista: linguagem vaga(cheia de sugestões); presença abundante de metáforas, comparações, aliterações, assonâncias, sinestesias; antimaterialismo, anti-racionalismo; misticismo; religiosidade; pessimismo(a dor de existir); interesse pela noite, pelo mistério e pela morte; exploração do inconsciente , do subconsciente e da loucura; busca da essência do ser humano: a alma.

“Ao contrário do ocorreu na Europa, onde o Simbolismo se sobrepôs ao parnasianismo, no Brasil o Simbolismo foi quase inteiramente abafado pelo movimento parnasiano, que gozou de amplo prestígio entre as camadas cultas até as primeiras décadas do século XX. Apesar disso, a produção simbolista deixou contribuições significativas, preparando o terreno para as grandes inovações que iriam ocorrer no século XX, no domínio da poesia.”

Principais autores e obras:

· Cruz e Souza(1861 – 1898): Missal(prosa) e Broquéis(poesia): anulação da matéria para libertação da alma; obsessão pela cor branca; culto da noite, satanismo, pessimismo e morte; poesia meditativa e filosófica; poesia metafísica; a dor de existir;


· Alphonsus de Guimaraens(1870 – 1921): Setenário das Dores de Nossa Senhora; Câmara Ardente; Dona Mística; Pauvre Lyre(pobre lira): devoção pela virgem Maria; a morte como a única maneira de se aproximar de Constança(seu amor) e da Virgem; amor espiritualizado; linguagem de sugestão; uso de aliterações; desesperança: instabilidade da existência; sentimento resignado da passagem do tempo e dos seres.


TEXTO 01: ISMÁLIA - Alphonsus Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Exercícios

1. Todo o poema acima é construído com base em antíteses, as quais articulam-se em torno dos desejos contraditórios de Ismália.

a) Destaque dois pares de antíteses do texto.

b) O que deseja Ismália?


2. O Simbolismo, por ser um movimento antilógico e anti-racional, valoriza os aspectos interiores e pouco conhecidos da alma e da mente humana. Retire do texto palavras ou expressões que comprovem essa característica simbolista.


3. Tal qual no Barroco e no Romantismo, o poema estabelece relações entre corpo e alma ou matéria e espírito. Com base no desfecho do poema:

a) Céu e mar relacionam-se ao universo material ou espiritual?

b) Ismália conseguiu realizar o desejo simbolista de transcendência espiritual? Justifique sua resposta.

Crédito: http://isacliteratura.blogspot.com/2009/03/literatura-3o-ano.html

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Tipologia textual (e ainda um pequeno resumo ao final)

Quando se fala em tipologia textual há apenas 5 tipos: narração, dissertação, descrição, injunção e exposição.

A tipologia textual é um assunto que "cai" muito em concursos públicos. O que acontece, na maioria das vezes, é confundir tipologia textual com os gêneros discursivos. Em primeiro lugar, a tipologia textual é um conceito que se preocupa com a norma do tipo de texto, com as regras gramaticais e com a estrutura. E o gênero discursivo diz respeito à finalidade do texto, isto é, para quem será, como será a comunicação.
Ao contrário da tipologia textual, o gênero discursivo tem inúmeras possibilidades, tais como: o conto, a palestra, o gibi, notícia e assim por diante. Quando se fala em tipologia textual há apenas cinco tipos: narração, dissertação, descrição, injunção e exposição.
Narração
Um tipo textual muito conhecido é a narração que geralmente é apresentada em formato de livros e histórias que contam o que, onde, como, quando e quem. A narração deve ser uma história que envolve personagens e acontecimentos, além do clímax. O espaço, o tempo e o enredo fazem parte da estrutura.
Descrição
Já a descrição pode ser um complemento de qualquer tipo de texto (e de gênero), afinal, ela serve para situar o leitor, fazendo-o imaginar a cena que está sendo retratada. Geralmente, ela acompanha muito a narração, para descrever o lugar, os personagens. Na descrição, há recursos extras que podem melhorar a qualidade do texto:
  • Enumeração: é quando você descrever a ação em ordem, como se fosse retratar uma ação em movimento, por exemplo, para que o leitor compreenda o processo.
  • Comparação: na descrição é possível fazer comparações para permitir que o leitor faça associações e compreenda o que queremos dizer. É um recurso muito valioso, visto que podemos comparar situações e facilitar a interpretação de texto.
  • Os cinco sentidos: é muito comum usar esse recurso no momento de descrever alguma ação, personagem. Podemos utilizar o olfato, tato, paladar, visão e audição para que o leitor visualize e sinta as palavras, imaginando perfeitamente. Você pode descrever um prato de comida, por exemplo, caracterizando-o pelo cheiro e pelo paladar.
Quem descreve pode ser tanto objetivo quanto subjetivo, ou seja, pode decidir se suas opiniões ficarão de fora ou não. Assim, o texto pode se tornar imparcial ou íntimo, dependendo do objetivo. E em um texto descritivo há muita utilização de três classes gramaticais, os adjetivos, substantivos e locuções adjetivas, além de verbos no passado e no presente.
A descrição é apresentada em 3 estruturas: introdução (o que será descrito), desenvolvimento (caracterização) e conclusão (finalização).
Dissertação
A dissertação é um tipo de texto muito conhecido, principalmente em vestibulares. O objetivo da dissertação é debater e expor um tema com argumentos fortes, apresentando a sua opinião de forma clara. É permitido que você exponha seu ponto de vista. Na dissertação você deve conhecer o assunto, de modo que o texto fique claro e que aparenta autoridade sobre o tema.
A estrutura da dissertação é dividida em três: introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, deve-se apresentar o tema; no desenvolvimento, deve-se apresentar argumentos que vão de encontro ao seu ponto de vista sobre o assunto, guiando o leitor; e na conclusão, deve ser retomado o tema para finaliza-lo ou concluir sobre o assunto.
Exposição
O texto expositivo é aquele totalmente imparcial e neutro, que serve apenas para informar e não trazer a opinião do autor. É apenas uma exposição sobre o assunto que será retratado. Um exemplo claro são as notícias vinculadas no jornal. Não deve ter interferência nenhuma da opinião do autor e o objetivo é explicar.

Injunção
Já a tipologia textual da injunção diz respeito a instruções. Isso quer dizer que são textos que nos guiam e nos instruem para completar uma tarefa, seja por meio de um manual ou uma receita, por exemplo. Há duas formas: o instrucional, que é apenas uma sugestão de como você pode fazer tal coisa; e a prescrição, que enaltece uma norma, uma regra, como no caso da bula de remédios ou uma receita.
Além das características mais comuns do texto injuntivo- forma verbal no imperativo, diálogo com o leitor, a função conativa ou apelativa da linguagem e o discurso na 2ª pessoa- o uso do humor, a ambiguidade, estão presentes. Exemplo: 










Resumo de Tipologia Textual + Exercícios Com Gabarito

resumo de tipologia textualEis um pequeno resumo dos tipos textuais já estudados aqui no blog. Se você não leu as aulas anteriores, seguem os links:

I. Interpretação de Texto - Concurso
II. Tipologia Textual - Descrição
III. Tipologia Textual - Narração
IV. Tipologia Textual - Dissertação

Texto Narrativo (sequência de fatos)
  • Conta como aconteceu, acontece ou acontecerá algo (real ou imaginário);
  • É necessário uma introdução, um clímax e um desfecho;
  • O enredo é prioridade;
  • Fundamental é situar o tempo e o espaço físico onde ocorrem os fatos;
  • Dar preferência ao verbo de ação, ao dinamismo, para tornar mais viva a narrativa;
  • O pretérito perfeito e o mais-que-perfeito do indicativo predominam na narrativa;
  • O autor adota a postura de narrador.
 Texto Descritivo (sequência de aspectos)
  • Descreve como é um objeto, uma pessoa, uma paisagem, uma cena...;
  • Apresenta o cheiro, a cor, as sensações como aspectos importantes;
  • A finalidade da descrição é fazer ver e sentir;
  • O presente do indicativo e/ou pretérito imperfeito do indicativo predominam na descrição;
  • Os adjetivos estão sempre presentes no texto;
  • O autor adota a postura de observador.
Texto Dissertativo (sequência de análises)
  • Texto objetivo;
  • Convence o leitor por meio de fatos, dados estatísticos, citações, publicações...;
  • O predomínio verbal é o presente do indicativo e do subjuntivo;
  • O autor adota a postura de argumentador.
Exercícios


1. (EV) Sobre o texto narrativo, pode-se afirmar:
a) A estrutura textual é semelhante ao texto descritivo
b) A postura do autor é de argumentador
c) Há, exaustivamente, o uso de presente do indicativo.
d) Não apresenta clímax em sua estrutura
e) O enredo é prioritário

2. (EV) O predomínio de adjetivações é comumente encontrado no texto:
a) Narrativo
b) Informativo
c) Descritivo
d) Dissertativo
e) Epistolar

3. (EV) Duas características são representativas do modo de organização dissertativa, assinale-as:
a) Introdução e clímax
b) Argumentação e sensação
c) Seqüência de fatos e de aspectos
d) Verbos de ação e objetividade
e) Convencimento e descrição

4. (EV) Leia o texto a seguir:
Parceria Reeditada
"Viviane Pasmanter estreou na TV em 91, na novela “Felicidade”, de Manoel Calos, dirigida por Denise Saraceni. Ela deverá voltar a trabalhar com Denise em “Ciranda de pedra”, nova novela das 18h".
O Globo 08/02/08
A opção que melhor justifica o título do texto é:
a) o fato de Viviane Pasmanter ter estreado na TV em 1991.
b) de a atriz ter sido dirigida por Denise Saraceni.
c) por ter trabalhado com Denise Saraceni na novela “Felicidade”
d) por ter trabalhado com Denise Saraceni em “Felicidade” e trabalhar novamente com ela em “Ciranda de pedra”.
e) Viviane Pasmanter trabalhar em uma novela de Manoel Carlos.

5. (EV) O verbo estrear aparece conjugado no texto (estreou). Indique o modo e o tempo a que pertence este verbo.
a) indicativo / presente
b) subjuntivo / pretérito imperfeito
c) indicativo / pretérito imperfeito
d) indicativo / pretérito perfeito
e) imperativo / afirmativo

6.(EV) O uso das aspas em alguns vocábulos do texto é justificado por/pela:
a) sempre se usa com os substantivos.
b) participação de Viviane em novelas da TV Globo.
c) não estar empregada em seu sentido original
d) participar duas vezes de novelas dirigidas por Denise Saraceni.
e) ser o nome da novela, por isso o uso das aspas.


7.(EV) No segmento: “Ela deverá voltar a trabalhar...”. O elemento sublinhado é classificado morfologicamente por:
a) artigo
b) preposição
c) pronome
d) advérbio
e) substantivo

8. (EV) “Ela deverá voltar a trabalhar com Denise...” O segmento destacado é classificado sintaticamente como:
a) Adjunto adverbial de modo
b) Adjunto adverbial de companhia
c) Adjunto adverbial de lugar
d) Adjunto adverbial de negação
e) Adjunto adverbial de pessoa

9. (EV) “Ela deverá voltar...”. A locução verbal pode ser substituída, sem alteração semântica, por um verbo simples, assinale-o:
a) volta
b) voltaria
c) voltará
d) poderá voltar
e) voltou

10. (EV) “Viviane Pasmanter estreou na TV...”. Nesse período o verbo “estreou” concorda com seu sujeito “ Viviane Pasmanter”, marque a alternativa em que tal concordância NÃO ocorre:
a) A atriz se atrasou para a peça.
b) Roberto Carlos cantou no Canecão.
c) Dá-se aulas de Língua portuguesa.
d) Edson Celulari ainda é fiel a Claudia Raia.
e) Suzana Vieira desfilou no carnaval.


11. Leia o texto a seguir: 
Para fazer uma boa compra no ramo imobiliário, não basta ter dinheiro na mão. É imprescindível que o comprador seja frio, calculista e bem informado. Na hora de comprar um imóvel, a emoção é um dos maiores inimigos de um bom negócio. Assim, por mais que se goste de uma casa, convém manter sempre um certo ar de contrariedade. Se o vendedor perceber qualquer sinal de emoção, isso poderá custar dinheiro ao comprador. Não é por outra razão que quem compra para especular ou apenas para investir costuma conseguir um melhor negócio do que quem está à procura de um lugar para morar.

Segundo o texto:
a) Os vendedores, via de regra, buscam ludibriar os compradores, e vice-versa.
b) O vendedor costuma aumentar o preço do imóvel quando o comprador não está bem informado sobre o mercado de valores.
c) O mercado imobiliário oferece bons investimentos apenas para quem pretende especular.
d) No ramo imobiliário, uma atitude que aparente indiferença pode propiciar negócio mais vantajoso para o comprador.
e) No mercado imobiliário, o comprador realiza melhor negócio adquirindo uma propriedade de que não tenha gostado muito.

12. Segundo o mesmo texto:
a) Quanto maior a disponibilidade financeira do comprador, maior a probabilidade de sucesso no negócio imobiliário.
b) Disponibilidade econômica não é o único fator que possibilita a realização de um bom negócio.
c) O vendedor, por preferir negociar com investidores, desfavorece o comprador da casa própria.
d) Gostar de uma casa é psicologicamente importante em qualquer tipo de compra, seja ela para residência ou para investimento.
e) O mercado imobiliário oferece oportunidades mais seguras para o investidor que para o especulador.

GABARITO
1. E
2. C
3. D
4. D
5. D
6. E
7. B
8. B
9. C
10. C
11. D
12. B

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Cronograma ENEM 2018





Aproveite para iniciar os estudos, pois o exame chega rápido!


Reforço escolar



Aula particular pode ser boa alternativa para alunos que precisam melhorar rendimento
Adriana Guimarães, professora de língua portuguesa, Lenita Crespo e Nicole: mãe optou por aula particular para a filha com foco no Enem.

Em todas as escolas, dezenas de jovens que cursam o mesmo ano letivo aprendem em sala de aula, ao mesmo tempo, o mesmo conteúdo de matérias. No entanto, as dificuldades individuais surgem em momentos diferentes para cada um. Nesta hora, especialistas indicam as aulas de reforço como a melhor medida para que as dúvidas não se acumulem, para que os alunos não fiquem desestimulados, ou ainda, para que não percam o ano letivo. 
“As aulas particulares são recomendadas quando o aluno quer melhorar seu desempenho escolar. Alguns procuram quando percebem que estão com dificuldade em um determinado conteúdo, mas a grande maioria espera até que as notas fiquem baixas para adotar a estratégia”, afirma a psicopedagoga Ester Chapiro, diretora da Central de Professores. 
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O ideal, segundo ela, é procurar ajuda o mais cedo possível, para não acumular os conteúdos que serão estudados. “É preciso romper um ciclo vicioso que se forma, onde o aluno não aprende, passa a tirar nota baixa, tem sua autoestima diminuída e perde o interesse e a atenção. As aulas particulares, com bons profissionais, podem dar um ‘empurrãozinho’ para uma melhora significativa nos resultados escolares. Trabalho há mais de 20 anos com isso e posso garantir que, na maioria dos casos, essa alternativa ajuda a solucionar o problema”, afirma.
Além da melhora nas notas, Ester explica que, com a aula de reforço, os estudantes melhoram também a autoestima e o interesse pelos estudos, facilitando todo o processo de aprendizagem. Segundo ela, isso ocorre porque os fatores emocionais estão fortemente ligados à aprendizagem. 
“Mas existem os alunos que realmente têm muita dificuldade para focar na explicação do professor em sala de aula e se distraem facilmente. Isso, geralmente, não ocorre de forma consciente, mas porque ele não consegue direcionar a própria atenção para as aulas. Neste caso, sugiro uma avaliação psicopedagógica para uma investigação das causas do problema”, alerta a educadora.
Quando as dúvidas aumentam, o estudante Ruan Santos, 15 anos, costuma contar com as aulas de reforço. Mesmo precisando do apoio de um professor particular de matemática, ele considera as aulas na escola suficientes para o aprendizado, mas também acredita que o ritmo de assimilação de cada aluno varia dependendo do assunto.
“Faço aulas quando as dificuldades aparecem, quando eu sinto que não vou conseguir ir bem em uma determinada prova. A aula particular me ajuda a não ficar de recuperação ou correr o risco de perder o ano. Geralmente faço uma ou duas aulas antes da prova, isso já é suficiente. O resultado é positivo, já que sempre consigo recuperar as notas com esse suporte”, afirma o estudante. 
O investimento dos pais de Ruan parece estar mesmo valendo a pena. Com a ajuda extra, ele já conseguiu aumentar a média de notas em matemática, que estava entre 3 e 4 e passou para 8. 
“Percebo que todo aluno sente alguma dificuldade em determinado momento, como aconteceu comigo. Alguns assuntos que são ensinados durante as aulas não tinham ficado muito claros para mim, então eu precisei de ajuda para poder acompanhar a turma”, analisa Ruan.
Professor de matemática, matéria campeã na procura por aulas de reforço, o administrador de empresas Felipe Vianna, 47, diz que esta é a matéria que, geralmente, os alunos menos gostam e uma das que mais reprovam nas escolas e também no ensino superior. “Isso porque ela exige um raciocínio lógico e nem todos têm esse perfil”, enfatiza. 
O professor de matemática Felipe Vianna lembra que quando a aula é individual, é possível perceber com mais facilidade onde o aluno está precisando de reforço
Foto: Douglas Macedo
A cada ano, quanto mais a matemática evolui, mais difícil fica, de acordo com Felipe. Segundo ele, a dificuldade dos alunos começa a surgir a partir do oitavo e nono ano, quando são ensinados assuntos como polinômio, equação do segundo grau e fórmulas em geral. 
“Alunos já saíram da nota zero e conseguiram passar fazendo aula particular. É um investimento diferenciado, porque quando a aula é individual, você vê exatamente onde o aluno está precisando de reforço”, declara o professor.
A professora de língua portuguesa Adriana Guimarães acredita que as escolas estão cada vez mais aumentando o número de alunos em sala de aula e instrumentalizando cada vez menos o professor para dar conta de um número tão grande de estudantes. À frente de um curso voltado para aulas de reforço, ela conta que muitas vezes os alunos que a procuram já estão com muitas dúvidas acumuladas.
“Uns vêm em busca de aperfeiçoamento, outros estão preocupados com a aprovação no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Na aula particular, o acolhimento é grande, o atendimento é individualizado e você consegue recuperar o aluno com um pouco mais de facilidade. Mas não são quatro horas de aula que vão conseguir isso. Temos quase 100% de aprovação com os alunos que fazem aula de reforço, mas é preciso ter expectativas reais. Matérias como português e matemática são cheias de pré-requisitos e, às vezes, os pais não entendem isso”, ressalta Adriana.
Para a advogada Lenita Crespo, 43 anos, mãe da estudante Nicole, de 12 anos, aluna do sétimo ano do ensino médio, que também faz aulas de reforço em matemática e português, o foco no Enem faz com que as escolas cobrem cada vez mais dos estudantes, fazendo com que essas dificuldades apareçam com mais frequência. 
“Sempre achei necessário esse reforço paralelo na educação, mas com essa busca por aprovações no Enem, isso se tornou um ponto a mais para os estudantes. Há vários anos percebo as salas de aula cada vez mais cheias e achei que minha filha precisava de uma atenção mais direcionada. Percebi as dificuldades nos estudos surgindo e, logo no início, quis que ela tivesse este apoio. As aulas de leitura e interpretação que ela faz, por exemplo, ajudam em todas as matérias mesmo que indiretamente, e isso tudo se reflete no resultado final”, conclui Lenita.
 Fonte: http://www.ofluminense.com.br/pt-br/revista/refor%C3%A7o-escolar#


Gerações do Romantismo no Brasil


O Romantismo assumiu em nossa literatura um significado secundário, de um movimento anticolonialista e antilusitano, de rejeição à literatura produzida na época colonial, aos modelos culturais portugueses. Por isso, a primeira geraçãoromântica tinha a preocupação de garantir uma identidade nacional que nos separasse de Portugal, buscando no passado histórico elementos de origem nacional.

São apontadas três gerações de escritores românticos:

- Primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa. Os poetas que se destacam são: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.

- Segunda geração: é um período marcado pelo mal do século, apresenta egocentrismo irritado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Os poetas que se destacam são: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.

- Terceira geração: esse período desenvolve uma poesia com caráter político e social, é formada pelo grupo condoreiro. O maior representante dessa fase é Castro Alves.


Primeira geração

Os primeiros românticos são conhecidos como nativistas, pois seus romances retratam índios vivendo livremente na natureza, numa representação idealizada. O índio é transformado no símbolo do homem livre e incorruptível.
Nosso Romantismo apresenta como traço essencial o nacionalismo, destacando o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e linguística, e a crítica aos problemas nacionais.

Segunda geração

O tema que fascinou os escritores da segunda geração romântica brasileira foi a morte. Nas obras dos escritores desse período está presente uma visão negativa do mundo e da sociedade, onde expressam seu pessimismo e sentimento de inadequação à realidade, pois viviam uma vida desregrada, dividida entre os estudos acadêmicos, o ócio, os casos amorosos e a leitura de obras literárias, como as de Musset e Byron.
A segunda geração, também conhecida como ultrarromantismo, encontra no Brasil discípulos fervorosos, que diante do amor apresentam uma visão dualista, envolvendo atração e medo, desejo e culpa. Em seus poemas, a imagem de perfeição feminina apresenta os traços de morte, condenando implicitamente qualquer forma de manifestação física do amor.

Terceira geração

A terceira geração é também conhecida como “O condoreirismo”, os poetas dessa geração apresentam estilo grandioso ao tratarem de temas sociais, eram comprometidos com a causa abolicionista e republicana desenvolvendo, assim, a poesia social.
Castro Alves é o poeta que mais se destaca. Inspirado nos princípios de Victor Hugo, ele começa a escrever poemas sobre a escravidão. Há, retratado em seus poemas, o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a escravidão dos negros, a opressão e a ignorância do povo brasileiro.
Castro Alves ficou conhecido como “o poeta dos escravos”.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Funções da linguagem

Para que serve a linguagem?

Sabemos que a linguagem é uma das formas de apreensão e de comunicação das coisas do mundo. O ser humano, ao viver em conjunto, utiliza vários códigos para representar o que pensa, o que sente, o que quer, o que faz.
Sendo assim, o que conseguimos expressar e comunicar através da linguagem? Para que ela funciona?
A multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada em seis funções ou finalidades básicas. Veja a seguir:

1) Função referencial ou denotativa

Palavra-chave: referente
Transmite uma informação objetiva sobre a realidade. Dá prioridade aos dados concretos, fatos e circunstâncias. É a linguagem característica das notícias de jornal, do discurso científico e de qualquer exposição de conceitos. Coloca em evidência o referente, ou seja, o assunto ao qual a mensagem se refere. Exemplo:
Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, uma maçã, uma laranja, uma banana e um morango. (Este texto informa o que há dentro da cesta, logo, há função referencial).

2) Função expressiva ou emotiva

Palavra-chave: emissor
Reflete o estado de ânimo do emissor, os seus sentimentos e emoções. Um dos indicadores da função emotiva num texto é a presença de interjeições e de alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação. Exemplos:
a) Ah, que coisa boa!
b) Tenho um pouco de medo...
c) Nós te amamos!

3) Função apelativa ou conativa

Palavra-chave: receptor
Seu objetivo é influenciar o receptor ou destinatário, com a intenção de convencê-lo de algo ou dar-lhe ordens. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. É a linguagem usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. Exemplos:
a) Você já tomou banho?
b) Mãe, vem cá!
c) Não perca esta promoção!



4) Função poética

Palavra-chave: mensagem
É aquela que põe em evidência a forma da mensagem, ou seja, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer. O escritor, por exemplo, procura fugir das formas habituais e expressão, buscando deixar mais bonito o seu texto, surpreender, fugir da lógica ou provocar um efeito humorístico.
Embora seja própria da obra literária, a função poética não é exclusiva da poesia nem da literatura em geral, pois se encontra com frequência nas expressões cotidianas de valor metafórico e na publicidade. Exemplos:
a)  “... a lua era um desparrame de prata”.
(Jorge Amado)
 b) Em tempos de turbulência, voe com fundos de renda fixa.
(Texto publicitário)
c) Se eu não vejo
a mulher
que eu mais desejo
nada que eu veja
vale o que
eu não vejo
(Daniel Borges)

5) Função fática 

Palavra-chave: canal
Tem por finalidade estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação. É aplicada em situações em que o mais importante não é o que se fala, nem como se fala, mas sim o contato entre o emissor e o receptor. Fática quer dizer "relativa ao fato", ao que está ocorrendo.
Aparece geralmente nas fórmulas de cumprimento: Como vai, tudo certo?; ou em expressões que confirmam que alguém está ouvindo ou está sendo ouvido: sim, claro, sem dúvida, entende?, não é mesmo? É a linguagem das falas telefônicas, saudações e similares. Exemplo:
Alô? Está me ouvindo? 

6) Função metalinguística

Palavra-chave: código
Esta função refere-se à metalinguagem, que ocorre quando o emissor explica um código usando o próprio código. É a poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. As gramáticas e os dicionários são exemplos de metalinguagem. Exemplo:
Frase é qualquer enunciado linguístico com sentido acabado.
(Para dar a definição de frase, usamos uma frase.)
Observações:
- Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo.
- As funções para a linguagem foram bem caracterizadas em 1960, por um famoso linguista russo chamado Roman Jakobson, num célebre ensaio intitulado "Linguística e Poética".

Relações Lógico-discursivas ( causalidade, temporalidade, conclusão, comparação, finalidade, oposição, explicação, condição, adição.

         Um desafio que se mostra cada vez mais constante nas provas de concursos atualmente são as relações lógico-discursivas.
       Precisamos estar preparados para as provas, que a cada dia exigem mais dos concurseiros de plantão, a medida que a concorrência se torna cada vez maior e mais preparada.
      Antes de mais nada, o candidato precisa reparar que as relações discursivas são aquelas que dão sentido ao texto, como em “Lá no fundo do rio, vivia Pepita”, em que a frase após a vírgula denota a relação de explicação.
Causalidade A causalidade é aquela que representa o motivo, a causa, pela qual uma ação aconteceu. A principal conjunção utilizada é o ‘porque’, entretanto, no próprio texto pode não haver uma conjunção e aí será necessário compreender o sentido de causa e efeito por si só, conforme o contexto. Exemplo: "Porque/como/visto que estava doente, fui na farmácia".
Consequência A consequência é o efeito que é declarado na oração principal. Geralmente, utiliza-se apenas a conjunção ‘que’ para exprimir essa relação, como em: "Estava com tanta sede que bebi muitos litros de água".
Condição As relações condicionais são aquelas que expressam uma imposição para que algo aconteça. É necessário impor para que seja realizado ou não. A conjunção mais conhecida da condição é a partícula ‘se’, que já indica a probabilidade. Exemplo: "Se todo mundo concordar, libero a festa".
Concessão Para o concurseiro não esquecer jamais o que indica concessão, tenha em mente a palavra contraste, porque é esse tipo de simbologia que essa relação lógica-discursiva oferece. É na concessão que acontece contradição, por exemplo, nesta frase: "Eu irei, mesmo que ela não vá".
Comparação Para essa relação, utiliza-se muito a conjunção ‘como’, para estabelecer uma comparação entre os elementos e pelas ações que serão proferidas na oração principal. Olhe um exemplo: "Ele come como um leão". Mesmo que haja uma metáfora inserida, a comparação ainda existe metaforicamente, indicando o quanto a pessoa se alimenta bem, por exemplo.
Conformidade A conformidade é aquela relação em que só poderá realizar um fato se seguir uma regra, uma norma, conforme como se pede. Pode-se utilizar “Segundo”, “De acordo”, “Conforme”. Exemplo: "Conforme foi dito, realizei a tarefa".
Temporalidade É no tempo que conseguimos exprimir as noções de posterioridade e anterioridade, além de simultaneidade. É o fato que pode expressar essa causa de tempo, que geralmente está acompanhado pela expressão ‘quando’. Por exemplo: "Sempre que acontece isso, você fica assim" (expressa a condição do tempo, do que aconteceu).
Finalidade A finalidade é aquilo que você responde: qual o objetivo da ação? A onde você quer chegar? Através da construção ‘a fim de que’, ‘para que’, você consegue exprimir essa relação lógica-discursiva, como acontece no período a seguir: "Fui viajar, para que pudesse esquecer de você".
Adição- Estabelece uma ideia de acréscimo de informações a uma ação já informada.( E, nem, não  só... Mas também,  além de...)
Exemplo: A lua surgiu e as estrelas inundaram o céu de luz.
 Não só fez a tarefa, como também entregou o trabalho.

Fonte: https://www.concursosnobrasil.com.br/blogs/dicas/dicas-de-lingua-portuguesa-para-prova-da-compesa-nivel-medio.html


      O uso correto das conjunções estabelece uma boa relação lógico discursiva do texto em si. 
     As orações têm esses articuladores, que nos auxiliam na construção do texto. São conectivos , que ligam as orações estabelecendo uma conexão entre elas, seja ela de causalidade, explicação, adição, etc.

Conjunções coordenativas
Resultado de imagem para conjunções coordenativas e subordinadas


Conjunções subordinativas

Resultado de imagem para conjunções  subordinadas 





Português
.

Abaixo encontram-se respostas possíveis às perguntas da prova. Outras respostas, desde que atendam adequadamente ao que foi solicitado, serão consideradas corretas.

Leia o texto abaixo:





5




10



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30
     A diferença entre a vaidade e o orgulho consiste em
que este é uma convicção bem firme de nossa superiorida-
de em todas as coisas; a vaidade, pelo contrário, é o desejo
que temos de despertar nos outros esta persuasão, com a
esperança secreta de chegar por fim a convencer a nós
mesmos.
      O orgulho tem, pois, origem numa convicção interior e,
portanto, direta; a vaidade é a tendência de adquirir a
auto-estima do exterior e, portanto, indiretamente. A vaidade
é faladora, o orgulho silencioso. Mas o homem vaidoso
deveria saber que a alta opinião dos outros, alvo de seus
esforços, se obtém mais facilmente por um silêncio
contínuo do que pela palavra, mesmo quando há para dizer
as coisas mais lindas. Não é orgulhoso quem quer;
pode-se, no máximo, simular o orgulho, mas, como todo
papel de convenção, não logrará ser sustentado até o fim.
Porque é apenas a convicção profunda, firme, inabalável
que se tem de possuir méritos superiores e valor excepcional
que dá o verdadeiro orgulho. Esta convicção pode até ser
errônea, ou fundada apenas em vantagens exteriores e de
convenção, mas, se é real e sincera, em nada prejudica o
orgulho. Pois o orgulho tem raízes na nossa convicção e
não depende, assim como sucede com qualquer outro
conhecimento, do nosso bel-prazer. O seu pior inimigo,
quero dizer o seu maior obstáculo, é a vaidade, que apenas
leva o indivíduo a solicitar os aplausos alheios para, em
seguida, formar uma opinião elevada de si mesmo; ao
passo que o orgulho supõe uma opinião já firmemente
arraigada em nós. Há quem censure e critique o orgulho;
esses sem dúvida nada possuem de que se orgulhar.


(A. Schopenhauer. Dores do Mundo.
São Paulo: Edições e Publicações Brasil, 1959 - tradução revista).



1
(valor: 1,0 ponto)
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2ª Edição Revista e Ampliada) lista, entre os possíveis significados de orgulho, os seguintes: (i) sentimento de dignidade pessoal; (ii) amor próprio demasiado. Na sua opinião, o autor privilegia algum desses dois sentidos na descrição que faz do orgulho? Justifique sua resposta.
Resposta:
O autor privilegia o sentido (i), "sentimento de dignidade pessoal", na medida em que afirma, repetidas vezes, que o orgulho tem origem em uma convicção interior dos próprios méritos, do próprio valor.


2
(valor: 1,0 ponto)
Retire do texto um período que explicite cada uma das seguintes idéias:

a) Há menos chance de se obter um boa imagem pública com autopromoção do que com discrição.

b) Aquele que finge orgulho é mais cedo ou mais tarde desmascarado.
Resposta:
  1. "Mas o homem vaidoso deveria saber que a alta opinião dos outros, alvo de seus esforços, se obtém mais facilmente por um silêncio contínuo do que pela palavra, mesmo quando há para dizer as coisas mais lindas." (linhas 10-15)

  2. "Não é orgulhoso quem quer; pode-se, no máximo, simular o orgulho, mas, como todo papel de convenção, não logrará ser sustentado até o fim." (linhas 15-17)



3
(valor: 1,0 ponto)
A que se refere, no primeiro parágrafo, a expressão "esta persuasão" (l. 4)?
Resposta:
Com a expressão "esta persuasão", faz-se referência à convicção que o vaidoso deseja despertar nos outros de sua superioridade em todas as coisas.



Leia o poema de Manoel de Barros:


No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos 
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia, que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio




4
(valor: 1,0 ponto)
Estabeleça uma relação entre o poema e a seguinte frase, também de autoria de Manoel de Barros: "Não gosto de palavra acostumada".

O material das questões 5, 6 e 7 foi retirado de diferentes seções do Jornal do Brasil. Faça, em cada caso, o que é solicitado.
Resposta:
A frase e o poema tematizam a tensão entre os significados "acostumados" -- estabelecidos, estabilizados, dicionarizados -- e significações outras, que podem advir de usos vocabulares inusitados (como "descomeço") e combinações lingüísticas incomuns (como "eu escuto a cor dos passarinhos").



5
(valor: 1,5 pontos)
Na coluna O que eles estão lendo (Caderno Idéias, 21/08/99), entrevistam-se profissionais de diversas áreas, pedindo-se que indiquem suas últimas leituras. Ao ser entrevistada recentemente, a coreógrafa Regina Miranda forneceu informações que podem ser resumidas nos seguintes itens:
  • Está preparando um novo trabalho com a sua companhia
  • Em função do novo trabalho, está lendo poemas de Jalaleddin Rumi
  • Jalaleddin Rumi é um poeta persa que viveu no século XIII
  • Jalaleddin Rumi é considerado o maior poeta místico de toda a tradição muçulmana
  • Jalaleddin Rumi pode ser comparado com Shakespeare e Dante
  • Está lendo não só poemas de Jalaleddin, mas também todo o material que conseguiu sobre ele

Articule todas essas informações em um texto de, no máximo, três períodos, sendo ao menos um deles composto por subordinação.
Resposta:
Em função do novo trabalho que está preparando com sua companhia, Regina Miranda vem lendo poemas de Jalaleddin Rumi, poeta persa do século XIII, que é considerado o maior poeta místico de toda tradição muçulmana, comparável a Shakespeare e Dante. Regina está lendo não apenas poemas de Jalaleddin Rumi, como também todo material que conseguiu sobre ele.



6
(valor: 1,5 pontos)
O trecho abaixo, extraído da seção de Esportes, apresenta problemas de estruturação. Reescreva-o de modo a eliminar tais problemas.

O técnico Carlinhos admira Fábio Baiano, a quem conhece-o desde garoto que o treinou nas categorias de base. (31/08/99)
Resposta:
O técnico Carlinhos admira Fábio Baiano, que conhece desde garoto, quando o treinou nas categorias de base.



7
(valor: 1,0 ponto)
Na coluna Língua Viva (22/08/99), o professor Sérgio Duarte chama nossa atenção para a possibilidade de variação interpretativa de enunciados em função do uso do acento grave. Explique como isso se dá nos enunciados abaixo.
• Veio à noite de mansinho e encontrou-o dormindo.
• Veio a noite de mansinho e encontrou-o dormindo.

Leia o texto abaixo, encontrado na capa de uma fita disponível em vídeo-locadoras:

Um filme de ação em alta voltagem que vai prender você na poltrona até a última cena. Bill (James Belushi) é um ex-mafioso que traiu um dos mais perigosos chefões da máfia de Chicago e desapareceu carregando 12 milhões de dólares.
Agora, vivendo sob a vigilância do Programa de Proteção a Testemunhas, leva uma vida tranqüila ao lado de Debra (Vanessa Angel) sua esposa. Porém, liderada por Miles (Michael Beach) uma gangue de mafiosos, frios e armados até os dentes, está em sua perseguição, para recuperar o dinheiro roubado e se vingar de Bill.
O xerife Dex (Timothy Dalton) também está envolvido na perseguição e Bill se vê forçado a fazer uma das mais difíceis escolhas de sua vida, baseado puramente em seus instintos.
Quando você não diferencia os criminosos dos tiras... Não acredite em ninguém, suspeite de todos e corra para viver.
Resposta:
Alternativa 1: No primeiro caso, a expressão "à noite" é adjunto adverbial; no segundo caso, sem o acento grave, a expressão "a noite" é sujeito.
Alternativa 2: No primeiro caso, entende-se que alguém chegou durante a noite de mansinho; no segundo caso, compreende-se que a própria noite chegou de mansinho.


8(valor: 1,0 ponto)
No segundo parágrafo do texto, faltam duas vírgulas. Reescreva os trechos em que isso ocorre, acrescentando-as nos lugares corretos.
Resposta:
Agora, vivendo sob a vigilância do Programa de Proteção a Testemunhas, leva uma vida tranqüila ao lado de Debra (Vanessa Angel), sua esposa. Porém, liderada por Miles (Michael Beach), uma gangue de mafiosos, frios e armados até os dentes, está em sua perseguição, para recuperar o dinheiro roubado e se vingar de Bill.


9(valor: 1,0 ponto)
Sem alterar substancialmente o sentido do período abaixo, reescreva-o de modo que a expressão "os criminosos" passe a funcionar como sujeito da oração sublinhada. Faça as adaptações necessárias.

Quando você não diferencia os criminosos dos tiras, tudo pode acontecer.
Resposta:
Quando não se diferenciam criminosos de tiras, tudo pode acontecer.


Fonte: https://www.puc-rio.br/vestibular/repositorio/provas/2000/pordo.html